Um espaço reverberante!
Um espaço para os sons serem escritos, ouvidos, refletidos, observados, trocados, entrelaçados, vivenciados...
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Bem-vindos a essa rede sonora!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O Ouvir


Escutar: prestar atenção, estar alerta, prestar o ouvido a; dar ouvidos a, dar atenção a; tornar-se atento para ouvir; pôr-se a ouvir.

Ouvir: perceber pelo ouvido; sentir (alguma coisa) pelo ouvido; prestar atenção; ser dócil a; obedecer a; atender; escutar as razões, os conselhos de; inquirir.

Então, escutar é prestar atenção... estar alerta aos sons, à comunicação que vem através dos sons e quando ouvimos de verdade, percebemos, sentimos, atendemos, transformamos algo através dos estímulos sonoros que escutamos.


“A escuta se coloca aqui como uma capacidade específica que se utiliza preferencialmente do ouvido a fim de integrar, graças a ele, mensagens sonoras, entre as quais inscreve-se a música.

... é uma capacidade de alto nível a qual o homem está destinado. Dela depende o seu futuro. Ela contribui para a organização de sua estrutura neuronal, que será condicionada, em última instância, pela própria escuta. De certa forma ela induz o homem a tornar-se o que ele deve ser: um ser em ressonância com tudo o que vive e, desta forma, com tudo o que vibra.

O homem evoluído caminha em relação à escuta. Não se trata de uma visão puramente metafísica, mas de uma realidade concreta que dá ao ouvido sua razão de ser e à música o sentido de sua existência. (...)

O homem torna-se escuta total. Inúmeros fatores o demonstram, mesmo que não nos preocupemos em situar a escuta em seu verdadeiro nível e que não saibamos tomá-la como o fio condutor da organização que induz a estrutura humana. É dela que depende a dinâmica neurofisiopsicológica.

A escuta leva o homem a expandir-se numa dimensão mais vasta. Ela lhe revela sua inserção em um universo que ultrapassa infinitamente seus limites anatômicos. Liberto de seus limites físicos graças a essa antena auditiva, ele se engaja num processo de total comunicação, em comunhão com seus pares. Através de sua escuta interior, o homem chega a se diluir no espaço sideral e consegue perceber e escutar, concomitantemente, sua própria interioridade material. Ele pode assim, até dialogar com suas estruturas orgânicas. (...)

O que é o ouvido? O que é o homem-ouvido? O ouvido é um conjunto anatômico aparentemente complexo e, no entanto, fácil de abordar desde que se proceda ao estudo de sua evolução. (...) Ele é o que é e, ainda melhor, ele se tornou o que é para responder, achamos nós, as necessidades bastante precisas. À idéia dos povos antigos, que pretendiam que o som construía o ouvido, eu acrescentaria que foi para se colocar à escuta da criação que o homem foi concebido como uma antena. (...)

...o homem é, no entanto, um ouvido, e eu ousaria acrescentar que é um ouvido em vias a se entregar à escuta. A dimensão humana só encontra sua plenitude no desabrochar de sua adesão absoluta a esta entrega.

Porque é realmente uma entrega o modo como o homem se abandona, com a percepção aberta, ao ambiente que o convoca. O ambiente não cessa de revelar ao homem sua pertinência a este todo vibrante que se manifesta dentro e fora de cada ser humano, passando de um para outro, unindo num jogo permanente o finito da natureza humana e o infinito imóvel, limite de nossa concepção de mundo. (...)”

(Música e Saúde / organização de Even Ruud, Summus Editorial)

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